A Mãe do Autista

A Mãe do Autista
...Investi tudo naquele olhar...Tantas palavras num breve sursurrar...paixão assim não acontece todo dia!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Hoje foi muito engraçado, a irmã de uma faxineira minha, agora virá 4 dias pela amanhã pq EU estava afogada, o meu pequeno ninja ,simplesmente abriu o forno ligado e meteu a cara dentro pra ver qual era a comida, fora levantar tampas de panelas acesas,e fazer zilhões de traquinagens por dia.

Como eu vi meu irmão mais novo se queimar com Quentão com 2 anos de idade, eu fiquei eternamente traumatizada. Então qdo a "coisa" avança pela cozinha eu fico alarmada.

Ela estava de costas no fogão qdo chegou da APAE, qdo ela virou ele deu um sorrizão...mas ai ficou sem graça pq percebeu que não a conhecia.
Mesmo assim sentou na mesa,e eu disse:
- Filhote, é a irmã da fulana agora ela vai ajudar a mamãe!

Ele ficou olhando muitas vezes pra ela, fazendo gracinha, rindo, falando na língua dele, simpatizou-se logo com a moça.
Fiquei pasma, não por ter simpatizado-se pela moça , mas sim por estar interagindo de uma forma tão natural! É surpreendente!


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Destilando veneninho...
A muito que queria comentar com vcs...rs!
Qtas vezes você entrou em "roubada" com parentes e amigos do tipo "Vem na festa sim( ou outro evento), aqui nós ajudamos a cuidar dele!
E na hora que a "cobra fuma", sobra tudo pra você? hahahhaha

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Precisamos dar "asas" aos nossos pequenos autistas.

Precisamos dar "asas" aos nossos pequenos autistas.
Digo isso no sentindo de desarmar a mãe e "baixar" a observadora, aos poucos tento ser assim, e como me surpreendo, como ele desenvolveu, como ele é melhor longe de mim.
Como já dizia minha sogra " mãe estraga" e é verdade gente.
Ontem fui em mais uma festa de aniversário, e eu ia pelo caminho:
- Gui vamos a uma festa de aniversário , porta-te bem !...dizendo isso mil vezes.
E ele se vira. Come , bebe, sem fazer lambança etc. O mais engraçado foi qdo arregalou os olhos qdo viu a foto do aniversariante num poster igual do convite, ali parecia que tudo havia clareado. Entendeu o que estava acontecendo.
Sim , não parou um segundo, eu me aproveitei do marido fiquei sentadona enquanto ele ficava atrás dele hehehe, mas como a moça da porta garantiu que não passava nem fantasma pela porta de saída, fiquei mais tranquila.
É engraçado como ele se localiza a casa de festa era bem grande, mas ele circulava e vinha me dar uns beijos na mesa, pra espanto da turma ali.
Meus primos tiveram aqui no fim de semana, gente como esse guri brincou deu gargalhadas, interagiu, e disse uma ou duas palavras.
Ai eu fico aqui pensando, ele tem seu próprio mundo, ou nós é que limitamos o mundo deles?
É realmente precisamos dar "asas" aos nossos pequenos autistas, claro eles com asas e nós com o pé atrás!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

MEDICAR SIM, Mas Apenas se Necessário

1. Cada vez mais se fala na Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (TDHA), chegando -se ao exagero de classificar como hiperactiva qualquer criança "que se mexe" ou com défice de atenção qualquer uma que se distraia. Na minha experiência pessoal tenho tido um crescente número de pais e familiares preocupados com essa hipótese, embora na esmagadora maioria dos casos nem se ponha a questão sequer de uma suspeita, dado que são crianças normais e saudáveis, que depois de metidas o dia inteiro em espaços fechados precisam de se expandir e de dar largas à sua energia.Algumas crianças têm esta situação, em que existe uma perturbação da atenção ou um excesso de distracção, associados ou não à hiperactividade.
Durante muitos anos esta síndroma só era diagnosticada depois da entrada no 1.º ciclo, quando a criança começava a dar problemas na sala de aula ou a ter insucesso escolar. Digamos que o sistema operativo das crianças com PHDA não é exactamente o mesmo da maioria, criando alguma dificuldade na gestão da informação e na capacidade de concentração e atenção.
A incidência varia muito conforme as casuísticas - de um a sete por cento, uma variação muito grande, dependente de não se ter definido bem ainda os critérios para, por exemplo, medicar uma criança, o que consagra a situação como doença. Não há dados fiáveis em Portugal, a nível populacional. Os rapazes são mais afectados, numa proporção de perto de cinco vezes mais. Numa numerosa percentagem, os sintomas esvanecem-se uma vez ultrapassada a infância.
2. As crianças com esta síndrome podem ser predominantemente hiperactivas, predominantemente desatentas ou uma mistura mais equilibrada das duas coisas. A componente "falta de atenção" tem de incluir seis dos seguintes sintomas, durando mais de seis meses, num tal grau que causa inadaptação ou problemas, maiores do que o que seria de esperar para o grau de desenvolvimento da criança desta idade:
- Desatenção aos pormenores, e não evoluir, por exemplo, no pormenor dos desenhos;
- Dificuldade em manter a atenção em qualquer actividade, no jardim-de-infância;
- Parecer não ouvir o que se lhe está a dizer;
- Não conseguir obedecer a regras e instruções, designadamente nas actividades de grupo (esperar na fila para lavar as mãos, actividades de teatro ou ginástica, etc.), sem ser por oposição ou negação, mas por impossibilidade de cumprimento;
- Dificuldade em organizar-se no quadro das actividades;
- Evitar aceitar tarefas que obriguem a um esforço mental ou a decorar uma sequência de passos;
- Perder muitos objectos - lápis, livros, jogos, blusões - e esquecer-se onde estão;
- Ser constantemente distraído por estímulos externos - uma mosca, os sons dos automóveis, luzes, telefones a tocar;
- Alhear-se das atividades se não estiver sempre a ser requerida a sua atenção.
3. A componente hiperactividade e hiperimpulsividade deve incluir quatro dos seguintes sintomas, durante pelo menos seis meses, e de intensidade fora do que é de esperar para uma criança desta idade:
- Mexer constantemente os braços e as pernas, remexer-se demasiadamente na cadeira;
- Não conseguir estar sentado na sala do jardim-de-infância;
- Correr, saltar ou trepar "demais", sobretudo em situações inapropriadas e fora do contexto dos outros meninos;
- Dificuldade em jogos ou actividades que exijam calma e estar quieto;
- Impulsividade em querer ser o primeiro em tudo e responder antes sequer de se acabar a pergunta;
- Impulsividade, não conseguindo estar numa fila, sempre a sair, e a ir à frente e atrás.
4. As crianças podem ser rotuladas de mal-educadas, irrequietas, desafiadoras, desinteressadas ou de "não estar nem ai" para o que os adultos dizem.
Perante uma suspeita, há que confirmar, sem ser "apressadamente", como se faz em alguns centros, e depois medicar, mas apenas se necessário.
Mário Cordeiro
Pediatra
Público Online