Esse texto foi traduzido por meu amigo Felipe Alves, companheiro em conversas e troca de experiências.
Veja o vídeo primeiro, depois leia a tradução, eu fiquei horas divagando na mente sobre ele, achei maravilhoso! Embora o vídeo seja talvez um tanto impactante!
http://www.youtube.com/watch?v=JnylM1hI2jc
"Na primeira parte deste vídeo eu falei na minha linguagem nativa. Muitas pessoas acham que, quando eu digo que essa é a minha linguagem quero dizer que cada parte do vídeo possui uma mensagem simbólica particular destinada a ser interpretada pela mente humana.
Mas minha linguagem não tem a ver com a criação de palavras ou símbolos visuais que devam ser interpretados. Ela tem a ver com o estar num diálogo contínuo com cada aspecto do meu ambiente, com o reagir fisicamente com tudo o que me cerca. Nesta parte do vídeo a água nada simboliza. Estou apenas interagindo com a água enquanto a água interage comigo.
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Longe de ser despropositada, a maneira como eu me movimento é uma resposta contínua ao que está em torno de mim. Ironicamente, o jeito com que me movimento enquanto respondo a tudo em meu redor é descrito como " estar num mundo só meu", ao passo que se eu interagir com um conjunto muito mais limitado de respostas, e reagir apenas a uma parte bem mais limitada do meu ambiente, as pessoas afirmam que estou "me abrindo a uma interação verdadeira com o mundo".
Elas julgam minha existência, minha consciência e minha personalidade a partir dessa pequena e limitada parte do mundo à qual eu pareço estar reagindo. O modo pelo qual eu naturalmente penso e respondo às coisas parece tão diferente dos conceitos padrão que os outros no fim das contas não o consideram como "pensar", mas que é sim um modo inteiramente legítimo de pensar. Contudo, o modo de pensar de pessoas como eu só é levado a sério se nós aprendemos a linguagem de vocês, não importa o quanto tenhamos pensado e interagido anteriormente.
Como vocês ouviram, eu posso cantar junto com o que está à minha volta. Mas só quando eu escrevo algo na linguagem de vocês que vocês me consideram como "estabelecendo comunicação". Eu cheiro as coisas, ouço as coisas, sinto as coisas, provo o sabor das coisas, olho para as coisas. Mas não basta olhar, ouvir, provar, cheirar e sentir, eu devo fazer isso tudo com as coisas certas, como olhar para livros, e deixar de fazer isso com as coisas erradas; do contrário as pessoas duvidarão que eu seja um ser pensante, e uma vez que a definição delas de pensamento define para elas a definição de personalidade, elas ridiculamente duvidam que eu seja uma pessoa de verdade.
Eu gostaria sinceramente se saber quantas pessoas, se me encontrassem na rua, acreditariam que eu escrevi isso tudo. Aliás, acho muito interessante como o fato de não conseguir aprender a linguagem de vocês é visto como um déficit, enquanto que não conseguir aprender a minha linguagem é visto como algo tão natural que pessoas como eu são descritas oficialmente como misteriosas e enigmáticas - em vez de se admitir que sejam elas próprias que são confusas, e não que os autistas ou outras pessoas com deficiências cognitivas sejam inerentemente fonte de confusão.
Somos inclusive vistos como não-comunicativos se não falarmos a linguagem padrão, mas os outros não são considerados não-comunicativos se mostram tão desinteressados pelas linguagens que nos são próprias, uma vez que elas não crêem que elas existam.
Enfim, quero que saibam que não pretendi mostrar aqui um circo de horrores voyeurístico, com vocês assistindo à atividade bizarra de uma mente autística. O que eu quis foi afirmar de modo claro a existência e o valor das várias formas diferentes de pensar e interagir, num mundo em que a proximidade que você parece estar de uma única e específica dessas formas é que determina se você será visto como uma pessoa de verdade, ou como um adulto, ou como uma pessoa com inteligência. E num mundo onde essas coisas são o que determinam se alguém possui direitos, pessoas são torturadas e morrem porque são vistas como não-pessoas, porque a forma de pensar delas é tão incomum que não é considerada "pensar" afinal. Só quando as várias formas de personalidade forem reconhecidas como tal é que a justiça e os direitos humanos se tornarão possíveis".
Uma pessoa anônima,que erra, acerta, tem sonhos, se deprime, debocha, da gargalhadas,chora! Um blog que contará algumas passagens,pensamentos de como é ser mãe de um pequeno Autista! Com intuito de ser verdadeiro, sem medo de ser politicamente (in)correto, não quero agradar ou desagradar os gregos e troianos. Eu existo...Nós existimos Eu, um filho de 11 anos e meu pequeno autista de 8 anos. Unidos pelo coração e genética. Como sou conhecida? "- Ah! Aquela que é a Mãe do Autista!!!!!"
A Mãe do Autista
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