A Mãe do Autista

A Mãe do Autista
...Investi tudo naquele olhar...Tantas palavras num breve sursurrar...paixão assim não acontece todo dia!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Avaliação da Avaliação da Disciplina de Musicalização

Semestre passado (primeiro de 2010) na avaliação do meu filho, solicitei a presença da terapeuta ocupacional no meu lugar, pois como havia feito a primeira troca de professoras, achei que seria mais interessante o olhar técnico dela, além de repassar informações e orientações para nova professora.Não pegamos as avaliações por escrito, por esquecimento.
Mas elas vieram junto com as do segundo no vim do ano.

Essas avaliações despertou-me várias hipóteses, durante minha “fala”perceberão as coisas que vieram escritas:

A Primeira:
Acho que houve algum engano na avaliação, acho que meu filho não esta nessa turma.

Preciso saber, qdo perceberam, que ele, o meu filho, aprecia quantidade e numeração? De que forma demonstra isso?

Meu filho tem distúrbio na comunicação não fala nada!
Como reproduziu melodias simples, pequenas, como reconheceu-as? Qdo começou a perder a inibição do canto em grupo? “Autista, grupo?...’ um tanto suspeito!

Quais os instrumentos lhe atraí?

“Cria imagem mental dos sons dados por instrumentos, agrupa elementos sonoros diversos, canta na altura correta em tons graves e grita em tons agudos”.

E o melhor de toda avaliação :
“Mostra desinibição com o uso do microfone”..hahaha essa foi a melhor!

Caro professor você conclui a avaliação do primeiro semestre dizendo que comprovou com total êxito todas as colocações acima expostas na pratica diária com este grupo,sem exceções!!!

Já no segundo semestre diz que atingira, os objetivos traçados como foram além , reproduzindo ideias sonoras, motoras... entre outras coisas...

Caramba professor,achei que viria algo dizendo, que meu filho não participava, mostrava desinteresse,fuga para o parque, não havia progredido na fala, não descriminava sons, e ainda me orientava para leva-lo a algum especialista, para avaliação.

Afinal dentro das diretrizes para atividade de musicalização 2010, foi listado vários benefícios que a atividade de musicalização trazia. A firmou que passado o processo de ambientação dos grupos, o aluno desenvolveria várias capacidades que foram listadas em uma folha e entregue para os pais .
Minha pergunta, levando em conta os 2 anos de atividades com o Gui, dentro da sua visão técnica quais os capacidades que ele conseguiu desenvolver dentro desse período?

O que vc percebeu em relação a ele?
Foi possível detectar algum problema auditivo?
Dentro das estratégias apresentadas, alguma lhe desperta interesse? Há interação?
Quais os sons chamam atenção?(agudos/graves).
Quais os instrumentos chamam atenção?


Eu já havia solicitado via email a escola uma avaliação:

“Gostaria de saber se há alguma avaliação formal sobre ele, gostaria muito do retorno de um relatório, ou mesmo avaliação.
Sua opinião e observações é de estrema importância para esse processo, pois continuamos fazendo investigação em relação ao caso do Gui.
E acredito muito na sensibilidade de quem trabalha com musicalização, para detectar outros problemas.
Das vezes que estive na escola , não foi possível conversarmos, eu já havia solicitado via agenda um horário, mas não obtive retorno, como agora estou realizando novamente todos os exames no ouvido, acredito que suas observações conte muito.”

E eu esperei muito por essa avaliação acredite, mais que qualquer uma que ele estivesse submetido.

São nesses pequenos detalhes que se vê como anda a inclusão na escola.

Segunda hipótese:
Se meu filho foi desta turma é possível verificar um grande exemplo de descaso, ou mesmo de exclusão.
Esqueceram de fazer a avaliação de musicalização do único menino especial da turma, ele não despertou se quer alguma atenção.
Um descuido, uma bola fora, talvez...

Um aluno especial requer uma avaliação separada, ainda mais um autista cheio de particularidades comportamentais.
Senti-me envergonhada, como profissional ao ler as avaliações dessa disciplina.
Ainda mais depois de conseguir que profissionais de várias áreas fossem na escola um sábado a cada mês promover um ciclo de palestras sobre autismo,.com apoio da coordenadora da escola (que sempre esteve presente, e mostrou-se dedicada e interessada; mas é complicado qdo não se há interesse em geral, fui testemunha do esforço dela pra trazer o povo da escola pras reuniões) .

Ainda em tempo, nenhum professor que trabalhou diretamente com meu filho na escola participou de alguma palestra, somente a primeira professora , que já nem trabalhava mais com ele esteve presente.

Como mãe, triste por meu marido dar aulas das 8h as 22h sem parar ,dando o couro pra pagar em dia a escola, ou melhor o serviço prestado por esse profissional.
E agora frustrada por saber “mais” um problema do meu filho:


Além de autista, surdo...agora tbém é invisível!

Por todos os petis em inclusão:
A Educação infantil não é brincadeira, não deveria ser “um bico”, lidamos como os mais preciosos seres humanos em formação.
A qualidade na inclusão não é um favor é um direito adquirido.
O objetivo nesta “avaliação da avaliação” do meu filho não é malhar o “judas”, no caso esse professor. Que por ética não citarei seu nome, nem o nome da escola, quem me conhece saberá qual é.
Mas apenas alertar os pais da importância de estarmos ligados naquilo que nos é oferecido, e lembrar que a inclusão não é apenas aceitar nossos filhos na escola e deixá-los sacudindo-se no canto da sala.

“A política da inclusão deve essencialmente assegurar a existência de aprendizagens adequadas ou outras experiências positivas. Não é simplesmente determinar “onde” um indivíduo é educado ou recebe serviços ou apoio, é saber qual a qualidade e relevância desses serviços.”

A inexistência de informação sobre o desenvolvimento escolar do aluno com necessidades educacionais especiais segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu, é uma situação de “excluídos do interior: alunos que podem até estar dentro do sistema de ensino, mesmo em escolas comuns, mas permanecem excluídos em relação à perspectiva de progresso escolar, para si mesmos e para os formuladores de políticas.”
Não estou criticando a escola como um todo, quis apenas mostrar um detalhe que faz diferença, dentre tantos outros , mas esse me perdoem foi gritante!

Numa turma com 10 crianças, ele simplesmente fez uma avaliação para todos, colaram na agenda e a outra veio na pastinha.

3 comentários:

  1. oi amada,
    é de indignar mesmo!
    infelizmente muitos "profissionais" da educação infantil fazem um "bico" como vc falou...
    bjs em vcs

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  2. Oi, gosto muito desse Blog e por isso o indico. Passe no meu blog, tem um selinho para você lá.

    http://estardeficiente.blogspot.com

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  3. Fico triste porque pessoas como essa professora ou outras (os) como ela não sabem a oportunidade de prendizado e evolução profissional e espiritual perderam. Infelizmente a inclusão social no brasil foi inventada pelo governo pra usar como apelo emocional em campanha... não culpo escolas pois elas nao sabem como agir... fico triste pela falta de interesse de seres humanos, sejam eles professores, presidente, governadores, etc... se isso acontece numa escola particular, imagine em uma pública. Meninos típicos chegam no colegial sem saber escrever... imagina nossos meninos que necessitam maior atenção... devemos protestar, exigir nossos direitos... fazer isso de maneira inteligente... vamos mudar? Vamos juntar materiais, filmar aulas, mandar tudo pros responsaveis pelo país? beijos

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