A Mãe do Autista

A Mãe do Autista
...Investi tudo naquele olhar...Tantas palavras num breve sursurrar...paixão assim não acontece todo dia!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Então crescemos ouvindo os horrores de ser “deficiente”.



"O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.”

Luís Fernando Veríssimo



Existem imagens marcadas na nossa infância que não se apaga. Às vezes fico aqui refletindo como foi o meu contato no mundo dos “deficientes”, uso o termo deficiente aqui porque foi como eu fui apresentada na infância pra essas pessoas.
Uma das primeiras lições, era não olha-lo.

Qtas vezes fui chamada atenção: não fica olhando assim! Pára de olhar! O intuito era de não constranger o deficiente com a nossa curiosidade, ou olhar de espanto, pena.

Talvez se a interferência fosse diferente, do tipo dizer que somos todos, diferentes, ou filha tudo bem, pode olhar, mas sorria e de um bom dia.

E essas palavras vão sendo depositadas lá no fundo do nosso inconsciente de uma forma tão predadora, que com o passar do tempo, no meu caso, eu passei a evitar olhar esses tipos de pessoas, torná-los invisíveis no meu mundo.

Eu acredito que para muitos não seja diferente.

Qdo eu estava no “primário” lá com os meus 8 anos, eu ainda peguei “uma classe” especial na escola, e confesso que tinha muito medo deles.

Eles gritavam tinham comportamento diferente do nosso, alguns agressivos, possuíam feições esquisitas, eram bem maiores que a gente (até por terem idade mais avançada), tinha dificuldades motoras, ou seja, tinham um andar estranho, caminhavam pelo pátio como o verdadeiro “circo das aberrações”.

Qdo eles passavam sempre em grupo com a  professora todo mundo abria logo o caminho e ficávamos olhando para eles! E claro a sala era la longe isolados de todo mundo.

Hoje penso que seria tão diferente se os nossos professores nos explicassem um pouco sobre aqueles alunos, da importância de eles estarem na escola, como nós poderíamos nos aproximar deles. Coisas que estamos fazendo hoje com a inclusão nas escolas.

Mas muito pelo contrário, éramos ameaçados, se não aprendêssemos íamos pra “classe especial”, se tínhamos mau comportamento, nos mandariam para a “classe especial”.

 Então crescemos ouvindo os horrores de ser “deficiente”.

Quantas vezes eu ouvi ôh fulano você parece um retardado da Apae, ou vou te mandar pra escola na”Kombi” da Apae.E por ai vai.

Muitas vezes cobramos uma sociedade melhor, menos preconceituosa, mas acredito que caminhamos para melhor se olharmos para atrás; é claro que engatinhamos mas já foi muito pior.

Não esquecemos que os Açorianos aqui na Ilha de Santa Catarina por exemplo, quando tinha uma filha “solteirona” eles logo já tratavam de despachar a tal rapariga trocando por uma vaca ou uma mesa que estivesse sobrando com um “outro vizinho”.

Nós mulheres também passamos por processo de inclusão na sociedade, e em alguns lugares do planeta continuam sendo excluídas.

Hoje a inclusão começa com os pequeninhos na Educação Infantil, e quando eles tiverem seus 30 anos, não será mais novidade compartilhar um espaço em vários ambientes com Autistas, cegos, surdos...e por ai vai.

As conquistas vão acontecendo, as gerações vãos se transformando e cada um aos poucos vai conquistando o seu lugar na sociedade.

Tarefa importantíssima para pais e educadores ajudar a transformar o olhar do futuro!

Um comentário:

  1. Concordo plenamente, se queremos uma sociedade melhor devemos educar e ensinar nossos filhos a respeitar as diferenças de cada um... bjus fica com Deus

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