Uma pessoa anônima,que erra, acerta, tem sonhos, se deprime, debocha, da gargalhadas,chora! Um blog que contará algumas passagens,pensamentos de como é ser mãe de um pequeno Autista! Com intuito de ser verdadeiro, sem medo de ser politicamente (in)correto, não quero agradar ou desagradar os gregos e troianos. Eu existo...Nós existimos Eu, um filho de 11 anos e meu pequeno autista de 8 anos. Unidos pelo coração e genética. Como sou conhecida? "- Ah! Aquela que é a Mãe do Autista!!!!!"
A Mãe do Autista
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
A MÃE DO AUTISTA: O Flamenco sem as mãos
A MÃE DO AUTISTA: O Flamenco sem as mãos: Uma vizinha me convidou no início desse mês para fazer uma apresentação numa creche que ela é voluntária, convidou meu grupo, no qual...
O Flamenco sem as mãos
Uma vizinha me convidou no início desse mês para fazer uma apresentação numa creche que ela é voluntária, convidou meu grupo, no qual nos apresentamos certa vez a convite dela também para uma festa de idosos.
Passado o mês ela veio me lembrar, eu confesso que
não estava empolgada porque eu teria que ir sozinha.
Não só por estar sozinha, mas tbém porque venho atravessando
um período meio tempestuoso na minha vida, inclusive afetando uma coisa que
gosto muito que é dançar.
Mas enfim, é uma vizinha que não posso dizer não, mesmo indo
um pouco pra baixo e sozinha, me arrumei como se fosse um espetáculo no teatro,
fiz com gosto.
Escolhi um figurino bordô, porque sei que chama a atenção
das crianças, era uma Festa da Família numa creche numa comunidade carente,
escolhi duas músicas uma dela eu usei um mantón(xale) e o leque, que deixei-os em
uma cadeira.
Cheguei na frente de todos peguei o microfone falei um pouco
de que se tratava a dança, qdo a música
tocou eu senti que por trás de mim vinha chegando uma menininha miudinha,
cabelinho cacheado no ombro, vestidinho rosa,uns 3 anos; vi que ela já veio
dançando.
Qdo eu virei pra dar a atenção pra ela percebi que ela não tinha
uma das mãos, e a outra mãozinha tinha alguns dedinhos defeituosos.
E sentiu um choque pelo corpo, e vi que os olhinhos dela
brilhavam !
Ela dançava sorridente, tentou pegar meu leque, mas não
conseguia por conta das mãos, eu o abri agachei e dei em suas mãos, ela ficou encantada.
E eu mais ainda porque ela me olhava de um jeito que eu me sentia uma fada.
Alguém veio pegá-la e eu fiz sinal que a deixasse ali.
Ela pegou o mantón, tentava imitar meus movimentos de saia, dos pés e não
tirava os olhos das minhas mãos, e olhava pras “mãos “dela tentando fazer os
movimentos, mesmo com o problema que tinha.
Foi muito emocionante
só de lembrar as lágrimas já vem aos olhos.
O flamenco sem mãos, a dança da alma, não existe fronteira
nem exclusão dentro da dança, da arte, como me senti abençoada; principalmente
quando a avó disse que ela tinha passado a tarde toda no colo triste, que
qdo me viu passar com aquela roupa pulou do colo e veio logo atrás de mim!
Como a dança é um portal, mexe com a alma, como eu me
senti feliz! Como foi um presente eu estar ali, que lição meu Deus!
Não há pra mim algo mais lindo do que ver as mãos de uma
bailaora de Flamenco, seus dedos que dançam, riscam o ar, numa linguagem poética,
que nos hipnotizam e nos faz embarcar numa história.
Há 5 anos no flamenco ainda não tenho essas divinas mãos, mas
venho trinando todos esses anos.
Nunca vou esquecer aqueles olhinhos e aquelas "lindas mãos" que bailavam no ar, as mais lindas e flamencas que já vi!
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Então crescemos ouvindo os horrores de ser “deficiente”.
"O
mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios
pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.”
Luís Fernando Veríssimo
Luís Fernando Veríssimo
Existem
imagens marcadas na nossa infância que não se apaga. Às vezes fico aqui
refletindo como foi o meu contato no mundo dos “deficientes”, uso o termo
deficiente aqui porque foi como eu fui apresentada na infância pra essas
pessoas.
Uma das
primeiras lições, era não olha-lo.
Qtas vezes
fui chamada atenção: não fica olhando
assim! Pára de olhar! O intuito era de não constranger o deficiente com a
nossa curiosidade, ou olhar de espanto, pena.
Talvez se a
interferência fosse diferente, do tipo dizer que somos todos, diferentes, ou
filha tudo bem, pode olhar, mas sorria e de um bom dia.
E essas
palavras vão sendo depositadas lá no fundo do nosso inconsciente de uma forma
tão predadora, que com o passar do tempo, no meu caso, eu passei a evitar olhar
esses tipos de pessoas, torná-los invisíveis no meu mundo.
Eu acredito que
para muitos não seja diferente.
Qdo eu estava
no “primário” lá com os meus 8 anos, eu ainda peguei “uma classe” especial na
escola, e confesso que tinha muito medo deles.
Eles
gritavam tinham comportamento diferente do nosso, alguns agressivos, possuíam
feições esquisitas, eram bem maiores que a gente (até por terem idade mais
avançada), tinha dificuldades motoras, ou seja, tinham um andar estranho, caminhavam
pelo pátio como o verdadeiro “circo das aberrações”.
Qdo eles
passavam sempre em grupo com a professora
todo mundo abria logo o caminho e ficávamos olhando para eles! E claro a sala era la
longe isolados de todo mundo.
Hoje penso
que seria tão diferente se os nossos professores nos explicassem um pouco sobre
aqueles alunos, da importância de eles estarem na escola, como nós poderíamos
nos aproximar deles. Coisas que estamos fazendo hoje com a inclusão nas escolas.
Mas muito
pelo contrário, éramos ameaçados, se não aprendêssemos íamos pra “classe
especial”, se tínhamos mau comportamento, nos mandariam para a “classe especial”.
Então crescemos ouvindo os horrores de ser “deficiente”.
Quantas
vezes eu ouvi ôh fulano você parece um retardado da Apae, ou vou te mandar pra
escola na”Kombi” da Apae.E por ai vai.
Muitas vezes
cobramos uma sociedade melhor, menos preconceituosa, mas acredito que
caminhamos para melhor se olharmos para atrás; é claro que engatinhamos mas já
foi muito pior.
Não
esquecemos que os Açorianos aqui na Ilha de Santa Catarina por exemplo, quando tinha uma
filha “solteirona” eles logo já tratavam de despachar a tal rapariga trocando
por uma vaca ou uma mesa que estivesse sobrando com um “outro vizinho”.
Nós mulheres
também passamos por processo de inclusão na sociedade, e em alguns lugares do
planeta continuam sendo excluídas.
Hoje a
inclusão começa com os pequeninhos na Educação Infantil, e quando eles tiverem
seus 30 anos, não será mais novidade compartilhar um espaço em vários ambientes
com Autistas, cegos, surdos...e por ai vai.
As
conquistas vão acontecendo, as gerações vãos se transformando e cada um aos
poucos vai conquistando o seu lugar na sociedade.
Tarefa
importantíssima para pais e educadores ajudar a transformar o olhar do futuro!
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