A Mãe do Autista

A Mãe do Autista
...Investi tudo naquele olhar...Tantas palavras num breve sursurrar...paixão assim não acontece todo dia!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A psicóloga pediu que eu fizesse uma atividade com o meu filho mais velho de sete anos, que estava de escanteio. Então inscrevi numa escolinha de futebol, e tenho levado duas vezes por semana, e realmente nos aproximou novamente, porque o levo a pé e vamos conversando no caminho, vendo coisas, comendo pastel na feira que fica no caminho, e sou só dele!

Mas o que vou escrever não é nada sobre nós dois, mas sim das "conhecidências da vida".

Na segunda semana , uma mãe se aproximou mais de mim, falava muito, e qdo disse que tinha um filho de 4 anos perguntou pq não vinha ao futebol. Ai lhe expliquei que era autista, não por ser autista, mas ele era hiperativo e fugia muito e eu já não tenho mais resistência pra segurar ele; expliquei tbém que era o momento mãe do Martín.

Semanas depois , ela me perguntou novamente se eu não iria trazer o Gui; e antes de eu responder ela já foi logo dizendo:
-Você viu o filme meu filho meu mundo?

E eu respondi que sim, ela continuou:
-Eu estava assistindo esse filme com minha irmã, e ela disse que eu girava pratos daquele jeito e sacudia as mãos qdo pequena, exatamente como a cena do filme.
Ficava horas em baixo da mesa sacudindo-se pra frente e pra trás e falando coisas sem sentido, se ninguém fosse tirar ficava horas a fio ali.

Ela deve ter mais de 40 anos, imagina então como era naquela época, curandeira, benzeduras, despacho até a camiseta dela foi enterrada pra "curar" aquilo tudo.

Qdo maior, tinha amiguinhos, mas o que gostava mesmo era ficar na cama de baixo do beliche com uma coberta cercando tudo , ficava horas ali no escuro.
Qdo sumia ou estava em baixo da mesa ou de alguma cama.

Esquisita aos olhos dos colegas, tinha notas altíssimas, inclusive na faculdade onde quase recebeu honra ao mérito.

Ela ia falando e a lágrima escorrendo, talvez estivesse passando um filme em sua mente, principalmente qdo falava do bulling que sofria na escola.

Uma vez pegou colegas de turma falando dela no banheiro, diziam coisas horríveis, chamando-a de retardada pra baixo. Disse que ficou arrazada, foi horrível.

Estava querendo dizer tudo aquilo ha dias , que só a irmã dela sabia disso; pois entenderam o que se passou com ela qdo criança depois que viram o filme juntas certa vez.

E eu ali vidrada naquela história, aberta a todas aquelas informações e me sentindo "a terapeuta" !rs.
Dei muita risada ouvindo falar das esquisitices dela, das lágrimas já saíram gargalhadas, e ela pareceu-me tão aliviada em compartilhar essa história, talvez por perceber que eu sou uma pessoa muito tranquila em relação a essa coisas.

Sugeri que ela pesquisasse sobre síndrome de Asperg, estou muito curiosa para o próximo encontro!

4 comentários:

  1. Olá!
    Acho que meu comentário poderá ser óbvio, mas é inevitável: Eu conheço profundamente os sentimentos desta mulher e por experiência própria posso dizer que ela é uma rara sobrevivente!!!
    Adoro os seus relatos "Mãe"!!!
    Abraço freterno!

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  2. Oi amiga, deisei um selinho no meu blog para vc.

    Participe.
    Beijos

    http://viagem-de-mae.blogspot.com

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  3. Deixei um selo pra você, por favor pegue la no nosso blog (:
    http://autismoprojeto.blogspot.com/

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  4. Achei seu blog por acaso no google, sou pai do Guilherme, ele tem 6 anos é autista, achei muito legal a história que vc escreveu, pq eu me lembro que quando eu era criança as pessoas se afastavam de mim, eu era muito nervoso e fazia poucos amigos, olhando meu filho hoje eu me vejo há 30 anos atrás, quando ninguém sabia o que era AUTISMO, pois é até hoje muita gente não sabe. Naquela época deviam de me tratar como uma criança birrenta, chata, e todos evitam de ficar perto. Estou na esperança que um dia meu filho DESPERTE e quem sabe possa ser uma pessoa independente se Deus quiser.
    Um grande abraço, parabéns pelo blog.

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