A Mãe do Autista

A Mãe do Autista
...Investi tudo naquele olhar...Tantas palavras num breve sursurrar...paixão assim não acontece todo dia!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Resgantando as Festas de Aniversário em Casa Uma boa oportunidade de Inclusão

Lembro das festinhas onde minha mãe fazia tudo! Docinhos, salgadinhos, enrolar balinha de coco naqueles papeis de franginha, sair pelo comércio atrás de caixas de camisa para guardar os docinhos, gelatina no copinho e o topo do chique na festa “embrulhar um mamão verde com folha prata e espetar neles palitos de queijo e mortadela cortada em cubinhos, se tinha pepino em conserva e azeitona... era chique demais.

Ficava sentada no degrau da cozinha sentindo cheirinho de doce pelo ar, esperando a latinha de leite condensado e a bacia do bolo para raspar.
Uma das minha tarefas era separar forminhas, colocar cravos no docinho de coco e amendoim no cajuzinho e por ai vai.

Acabávamos entrando no processo de preparação para festa e sentia-me importante por participar dos preparativos.
-Se quiser ficar aqui tem que ficar quieta, ou vai pro quarto!
Sábia D. Irene, ficava ali sem dar um pio horas (risos) afinal o legal era qdo a vizinhança vinha ajudar, era risadas, fofocas , “causos de mulher”.
Pequenas relações que muitas vezes já não nos permitimos mais.


Nunca fiz uma festa em casa de festas por questões financeiras, já fui em muitas e realmente são lindas, tudo tão perfeito, tão mágico , mas dependendo da quantidade de pessoas tão impessoal!
Cada um sentando em sua mesas, tão formal.

Falo isso tudo em relação por exemplo ao Gui, pra ele vejo tudo mais distante ainda ou ele fica pulando na cama elástica ou correndo feito o Ligeirinho, tendo um comportamento muito diferente do que tem em casa.

A casa é algo tão simbólico,a criança sente-se bem na sua casa, com suas coisas, no seu espaço seja ele qual for, uma mansão, um iglu, um barraco!
Tem uma fase na escolinha que eles vivem “se convidando” pra ir na casa do amigo, pedem pra deixar dormir, a “casa” do amigo desperta muita imaginação.

Se o autismo é um mistério, se a vida de um autista tbém é cercada de curiosidades, o imaginário popular cria fantasias, conceitos, os tais preconceitos, e o ponto de partida da inclusão é a nossa própria casa também.
Qdo eu era criança também ficava imaginando como era a casa de uma criança cega, cadeirante, etc.

E uma festa em casa traz oportunidade de abrirmos esse mundo as crianças.
Isso foi muito interessante, foi uma experiência que vivenciei com minha família.

Depois de fazer só festinhas na sala de aula, e família resolvi fazer esse ano uma experiência. Chamei no aniversário do Martín os amigos, e os colegas da escola tbém, aproveitei que numa outra oportunidade a professora dele pediu uma foto do Gui e falou dele na sala de aula e todos ficaram curiosos.

O legal é que eles perceberam que o irmão do Martín era uma criança como as outras, mas com limitações na comunicação.Qdo as brincadeiras eram imaginativas ele não participava muito, mas se era de ação era o primeiro a correr, gritar e dar gargalhadas.

Sabemos como eles (os autistas) reagem ao estar em um ambiente diferente, mas como reagiria qdo estaria no seu ambiente, partilhando seus brinquedos, seu espaço?


Foi muito positivo porque eles estiveram com o Gui no seu espaço, e viram como ele se comporta , age, porque se fosse em outra ocasião, em outro local ele estaria agitado, chorando , correndo, tentando fugir, e alguns tinham sempre essa imagem dele. Aproveitei a oportunidade para explicar pq ele agia dessa forma qdo estava em outro ambiente.
Que apesar de temos um “membro especial” na família , é uma família como todas as outras.
No meu caso , divide uma quarto com o irmão, que ele gosta de personagens dos desenhos animados como qualquer criança da sua idade, divide pipocas, senta( por pouco tempo rs) pra ver DVDs, quais as brincadeiras preferidas, etc.

Abrir a porta da minha casa, foi mostrar a todos como é viver com o diferente e um momento muito oportuno para se fazer a inclusão, porque a inclusão na minha opinião não se dá somente na escola.


Lembram da historinha que contei no inicio?


Na verdade eu tbém fiquei um pouco com saudades das festinhas que minha mãe fazia,e pensei em botar os meninos para ajudar tbém !
Sim, eles podem fazer o que nós fazíamos , colocar cravos e amendoins, ajudar a encher e pendurar balão,colocar doces nas formar, decorar o próprio bolo.
Depois que acabar tudo, arrumar colocar coisas no lixo, separar lixo, um aniversário envolve tantas atividades lúdicas e pedagógicas é uma forma de envolver a nossa criança autista nas atividades, cada uma dentro da sua limitação claro!

A parte de "colocar cravos e amendoins, doces nas formar, decorar o próprio bolo " já não dá pro meu Gui, ele comeria toda produção! (risos).

Só sei dizer que estava muito feliz o meu menino, qdo viu escondido no armário pratos, copos , coisas da festa pulava e batia palmas.
E ver ele ajudando , feliz , encantado com os balões “não tem preço”, fica gravado no coração e memória!

Mas claro , não podemos esquecer que festa de aniversário de criança em casa tem vários estágios para as mães :

1º estágio- A empolgação dos preparativos;
2º estagio – O arrependimento de véspera;
3º estágio- O desespeiro pós festa qdo tudo está fora do lugar.


Mas como havia dito antes “não tem preço!”!!!!!



5 comentários:

  1. Ai amiga, qta nostalgia sua postagem me causou, pensei q tivessemos sido irmãs rsrs.
    Adorei a idéia da festa em casa.
    Preciso investir nisso.
    Beijos e parabéns pro Martin

    ResponderExcluir
  2. A Inclusão começa em casa...
    Muito bem concebida a festinha em casa, só o estar no próprio meio ajuda.
    Estou a ver a euforia das crianças, é preciso mantêr esse espirito de relação. Parabéns.
    Eheheheh gostei do remate final dos estágios:-)
    bjinhos

    ResponderExcluir
  3. tenho doi filhos autista e gostaria de participar do grupo

    ResponderExcluir