São 7 horas da manhã a Van já pegou o Gui na porta de casa, sentei aqui pra compartilhar um pouco as coisas que passaram na minha cabeça desde as 06:30h que foi a hora que despertou o celular.
Fui ao banheiro e ele estava na minha cama, tem dias que acorda e vem me procurar na cama, olhei-o só de fraudas, parecia um bebezão de histórias infantis com aquelas coxas grossas tão roliças.
Ele com certeza sabe, assim com sei que a melhor hora pra nós dois é qdo ele adormece e desperta, pois é o momento que ele esta mais tranqüilo, molinho.
Foram nesses momentos que eu aproveitei para acarinhá-lo, beijar, toca a pele, fazer massagens, ficar agarradinho, e tu isso é correspondido, afinal é o momento em que esta mais calmo não foge se deixa agarrar, porque fora isso é quase impossível, por conta da hiperatividade, ou mesmo por ser uma característica autista fugir do toque, do abraço, do contato ocular.
E nesse momento eu tenho tudo isso, o toque, o abraço, sorriso e contato ocular, que aos poucos vai sendo absorvido por ele, e a cada dia o fazem ser melhor que ontem, muitos se admiram por ser tão afetuoso.
É afetuoso porque é muito amado, e seu ficasse naquilo que se diz que se lê, que o autista evita isso, aquilo, talvez não o fosse. São características globais para identificar certo grupo de indivíduos, mas não é uma sentença, cada um tem um jeito diferente de ser inclusive dentro desse grupo, portanto não sabemos os seus limites, temos que correr atrás o quanto antes.
“Qualquer animal selvagem tratado com carinho acaba se transformando, porque que meu filho que é apenas uma criança não se transformaria! Eu penso sempre assim.”
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Lá atrás qdo recebi o diagnóstico e passei estudar muito, o maior choque talvez para os pais seja pensar que o filho realmente esta “no outro mundo” como se a criança ali presente fizesse questão dessa condição, “ela que não quer” afeto, contato.E aquilo nos deixou tão triste, que foi no “meu caso”, não acreditava que alguém que eu quis tanto, gerei com tanto amor, não quisesse estar ali conosco como a “fortaleza vazia”.
Em muitos casos a pais que não conseguem lidar com tanta informação, e principalmente com a “doçura de alguns médicos”, esses sim é que destroem qualquer resquício de compaixão no sentido literal da palavra “com paixão”, talvez seja isso que faça alguns pais ter a reação de não aceitar.
Tem a fase que aquilo fica tão impregnado, que só se vê “o autista” não enxerga nunca mais o seu próprio filho, torna-se um estranho dentro de casa, sem nome, sem identidade, eu passei por isso, mas como sou teimosa e romântica sempre achei que as coisas não eram bem assim e cai na luta.
O meu marido já foi diferente, ele ficou completamente bloqueado, eu tinha impressão do que se passava dentro da cabeça dele, e uma vez afirmou:
- Pra que tanta coisa, terapia, médicos, ele não vai dar em nada!
Sim, ele só enxergava aquele ser inanimado, malvado, ruim que não quer se socializar, não quer abraçar, não quer falar, que estragou tudo, todos aos planos porque será um vegetal pra todo sempre! Isso tudo segundo alguns médicos.
Confesso que passei por algumas barras, é muito triste, o pior bulling é o de dentro de casa, talvez já tenha dito isso em algum outro texto.
Umas das coisas mais certeiras que eu tenha feito foi a terapia dentro de casa, a intervenção desses profissionais fizeram muito a diferença, pois podiam visualizar a situação, e muitas vezes interferir com uma conversa, e no meu caso o pai ver a evolução da criança durante as sessões.
Eu passei para o pai a tarefa de levá-lo a escol a especial, e la teve contato com os mais diversos problemas, histórias e pais, abrindo os olhos para o diferente e possibilidades.
A mudança de escola também foi boa, pois pegamos uma equipe muito positiva, que realmente acreditava na criança, e as coisas foram se transformando.
Hoje as coisas começam a mudar, vejo a ternura voltar no olhar do meu marido frente ao nosso filho,vejo afago , carinho, e uma coisa que a psicóloga me alertou.
A minha super proteção diante a tudo isso, tbém não deixava espaço ao meu marido, pois tinha medo que ele brigasse, perdesse a paciência com o Gui, como muitas vezes aconteceu.
Mas a psicóloga estava certa, se ele não ficar sozinho com o filho, nunca vai aprender a lidar com ele, e isso me custou muito, foi muito difícil, foi onde criei coragem e fui fazer em Curitiba uma formação em Arteterapia.
Assim um fim de semana por mês saio de cena. Ele fica sozinhos com os meninos, essa atitude minha tem mudado muitas coisas, eu sempre enxerguei o problema no meu marido, e hoje vejo, ( tbém com a ajuda do meu curso), eu que não estava dando espaço para ele atuar como pai, ou pai especial que ninguém esta preparado emocionalmente para isso.
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Hoje voltei a reler alguns posts antigos, atualmente me separei , o que pra uma mãe de filho especial não e novidade , estatisticamente esta comprovado 70% dos casais se separam.
Tentamos ajuda de psicólogo, mas não deu, ele não aceitava o f ilho nas condições que se apresentava, não quis tomar medicamentos, fazer terapia.
Não nos falávamos mais,a penas dividíamos o mesmo espaço,trabalhava horas por dia pra não ter que conviver com a situação, ele mesmo afirmou isso.
Com tanta carga de trabalho, vem o stress, a estafa, a depressão, a irritabilidade dele, junto a falta de paciência as agressões verbais, a impaciência com a criança , as palavras chulas, o distanciamento total.
E isso torna tudo uma bola de neve, são as escolas dos filhos chamando pelo baixo rendimento, o mais velho que regride na escrita e não a desenvolve, e depois de uma ano e meio de terapia olha pra psicóloga e diz "eu vivo no mundo imaginário pq la eu sou feliz, eu não aguento ver o que meu pai faz com meu irmão"
A violência psicológica eh algo muito silencioso eu só me dei conta qdo vi meu filho falar isso , e minha psicóloga falar , porque eu não enxergava isso, eu estou ainda em terapia, mas evolui muito, criei coragem voltei a trabalhar, fazer cursos, 3 anos depois de iniciar essas descobertas vai chegando ao fim a formação em Arteterapia que me trouxe de volta pro mundo, resgatar minha identidade por causa das vivencias.
Os meninos estão muito bem na escola, a casa esta mais leve e me sinto muito mais forte, mas pra isso pra criar coragem foi um processo longo, medicamentos, terapia, sozinhos não conseguimos!
Uma pessoa anônima,que erra, acerta, tem sonhos, se deprime, debocha, da gargalhadas,chora! Um blog que contará algumas passagens,pensamentos de como é ser mãe de um pequeno Autista! Com intuito de ser verdadeiro, sem medo de ser politicamente (in)correto, não quero agradar ou desagradar os gregos e troianos. Eu existo...Nós existimos Eu, um filho de 11 anos e meu pequeno autista de 8 anos. Unidos pelo coração e genética. Como sou conhecida? "- Ah! Aquela que é a Mãe do Autista!!!!!"
A Mãe do Autista
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Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirMuitas vezes é tão dificil certas coisas neh, abrir mão, insegurança, acreditar, acreditar, lutar, persistir, que vc continue assim, acreditando, amando e fazendo seu filho feliz!
Você conhece o método son-rise? um site bacana www.inspiradospeloautismo.com.br que traz explicado o método. Já percebi muitos resultados positivos em nossos alunos através dele.
abraço!
Giovana, vc é professora de " Son-Rise?"
ResponderExcluirPoderia entrar em contato?
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Karla